Luxor, margem oriental

Para o nosso primeiro dia em Luxor, ainda integrado no programa do cruzeiro, estava ainda reservada uma visita aos dois principais templos da cidade, o de Luxor e o de Karnak. De manha, apos termos visitado a margem oriental, ainda tivemos tempo (pouco!) para o templo de Luxor.
O guia e o restante do grupo fizeram uma visita relampago, enquanto que eu e a Carla iamos ao nosso ritmo, tentando observar as ruinas com um pouco mais de pormenor, tirando fotos e bebendo agua! Como todos os guias devem funcionar mais ou menos da mesma forma, o templo estava apinhado de gente quando o visitamos. Parece que os templos faraonicos tambem tem hora de ponta! Nestas circunstancias e dificil tentar absorver alguma coisa do ambiente, reflectir sobre o que se ve, imaginar o que ja la nao esta. Nesse mesmo dia, ao final da tarde, passamos pelo templo, por fora, e pudemos observa-lo completamente vazio de turistas, com a pedra de paredes e colunas a reflectirem a luz do sol poente num laranja brilhante. Lindo... Uma das imagens de marca deste templo e a fachada de entrada, mandada erguer por Ramses II. Dois colossos de Ramses sentado e um obelisco de granito rosa ladeiam a entrada (um segundo obelisco que aqui se encontrava foi transferido no inicio do sec. XIX para a Place de la Concorde, em Paris). O acesso a esta entrada era feita por uma avenida de esfinges, que se pensa que teria dois quilometros, prolongando-se por toda a distancia entre os templos de Luxor e Kanak. Como os fundos do governo egipcio (mesmo com equipas internacionais aqui a trabalhar) nao da para mais, a avenida so foi escavada numa extensao de 300m... Que depois dao lugar a avenidas mais recentes! Dando a volta ao templo, por fora, e possivel encara-lo de frente, do "inicio" da avenida de esfinges, com trafego automovel e pessoas a passarem a um nivel superior, e as esfinges ali em baixo. E um sentimento dificil de descrever, o saber-se que estamos provavelmente por cima de mais uma fila de esfinges e que bastava rebentar com o alcatrao e escavar um pouco para as encontrar!
Outro ponto merecedor de referencia e o facto de que se pode encontrar uma mesquita construida dentro do templo, ou melhor, por cima dele! No sec. III d.C. o templo foi ocupado pelos romanos, que construiram uma fortificacao a sua volta (a que os arabes chamaram Al-Uqsur e que deu o nome actual a esta cidade). Com o passar do tempo, os romanos desapareceram, a areia foi avancando e cresceu uma aldeia entre as muralhas. Quando, em 1881, os arqueologos franceses descobriram o templo e quiseram dar inicio as escavacoes, era necessario deslocar a aldeia. Todas as construcoes foram eventualmente removidas, com a excepcao da mesquita de Abu al-Haggag, construida no sec. XIII, e que ainda hoje se mantem intacta, em pleno patio de Ramses II.
A seguir ao templo, hora de almoco. Pouco tempo tivemos, pois havia mais um templo a visitar, ou melhor, um enorme complexo de templos, com inumeros patios, salas, colossos e um enorme lago sagrado. Karnak foi durante seculos o templo mais importante do pais, e diversos faraos foram deixando a sua marca, fazendo sucessivos acrescentos a sua estrutura. Tambem aqui o nosso guia fez uma visita de medico, mas nos permanecemos la quando o resto do grupo se foi embora para tomar uma bebida num dos hoteis de luxo da cidade. A dimensao e complexidade deste templo exigia mais do que uma breve visita e acabamos por la passar mais de duas horas, sob um sol implacavel. Claro esta que num monumento destes, cada um tem os seus pontos preferidos, de acordo com o seu gosto. Uns admiram a avenida de esfinges (estas com cabeca de carneiro) que conduzia ao Nilo, outros deliciam-se com a estatua de Ramses II com uma das suas filhas aos pes. Mas para mim aquilo que se distingue mais nas ruinas existentes e a chamada grande sala hipostila, que era suportada por 134 enormes colunas. O tecto ja nao existe, mas as colunas continuam la, constituindo um labirinto em que uma pessoa pode vaguear num percurso entrelacado, onde o jogo de luz e sombras e simplesmente espectacular.
Depois de Karnak, dirigimo-nos, a pe, ate ao Museu de Luxor. Muito diferente do museu do Cairo, muito mais pequeno, mas com uma organizacao moderna, atraente e cativante. Foi uma agradavel surpresa!

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