Os quartos eram muuuuito simples: duas camas só com colchão e sem lençóis, um pequeno lavatório (avariado) e uma ventoinha. WC... fraquinho!!! Por 9€ o quarto... em Amã... não era preciso mais. Foi fantástico. É impressionante como o conforto é tão relativo! O importante é mesmo sentirmo-nos bem.
Como estavamos em pleno Ramadão as noites eram muito dificeis para dormir. Não pelo (des)conforto das camas, mas pelo constante clima de festa das ruas. Entre as 3.30h e as 4.30h da manhã ninguém dorme nesta cidade e os restaurantes, cafés e snacks de rua estão cheios de movimento. É a última refeição do dia... depois do pequeno-almoço, só voltam a comer às 19.30h. Por isso o barulho nas ruas é ensurdecedor.
Beber... só dentro do quarto! Estavamos em pleno Ramadão. Assim, quando saimos do Cliff as garrafas amontoavam-se junto às paredes!
Foi o Andrew que nos arranjou um tour para ver cinco dos castelos do deserto jordano, na estrada que vai para o Iraque. A sua ajuda foi sempre preciosa porque escrevia-nos em árabe o nome das estações de autocarro, o destino que queriamos apanhar, e até nos instruía nas técnicas de "marralhar" os preços. Sendo assim, assentamos arraiais por aqui durante três noites. Fomos a Jerash e viemos e só depois é que atravessamos para a Síria.
Atravessamos para a Síria num táxi partilhado com um motorista que não falava inglês mas teve a destreza para "surrupiar" uma t-shirt e uma toalha ao Rui. Dividimos o táxi com um iraquiano bastante simpático embora não conseguíssemos grandes conversas para além do possível pelos gestos e trocas de olhar. Em Damasco despedimo-nos e apanhamos um autocarro para Palmira. Depois de esperar duas horas na estação e percorrer o deserto sírio com um motorista cheio de sono e constantemente a adormecer ao volante, lá chegamos a Palmira ao fim de uma viagem de 5 horas.
Escolhemos o Hotel Ishtar, embora fosse caro demais. É possível ficar em sítios mais económicos e talvez com os mesmos serviços. O quarto era bom e tinha um ar condicionado maravilhoso. No entanto, faltava-lhe algum carisma. Conseguimos ver o pôr-do-sol (a muito custo) e o nascer do sol nas ruínas e terminamos (em beleza) a jantar "à patrão" num restaurante em frente ao complexo. Um final de dia maravilhoso para comemorar a nossa entrada no que seria, provavelmente, o país que mais nos surpreendeu pela positiva nesta viagem.
Depois de deambular pelas ruínas no dia seguinte, voltamos apanhar um autocarro em direcção a Damasco. Os sírios são tão simpáticos que em quatro horas de viagem conhecemos toda a "tripulação"! Vamos com um casal francês e um casal canadiano. Para além disso são mais três sírios, um militar e outros dois. São tão simpáticos e prestativos que o motorista queria-nos deixar na estrada principal da cidade (tipo circular externa) e o militar não deixou e obrigou o motorista a deixar-nos em frente à Porta Al-Jabia, a entrada principal do Souq de Damasco e bem perto do nosso hostel. Só posso dizer bem dos sírios porque são do mais genuíno que já encontrei por todas as viagens que fiz.
De mochila às costas procurámos um hostel "budget". As hipóteses eram reduzidas. O Al Haramain Hostel estava cheio, o
Al-Rabie Hostel, onde acabamos por ficar, só tinha um quarto duplo disponível e queria 1800SY por noite. Não tinhamos grande hipótese e viamos o tempo passar. Resolvemos voltar para trás e aproveitar o quarto duplo.
Ainda bem que o fizemos. Para além de termos o privilégio de acordar de noite com um gato a roçar-nos nas pernas (acreditem que é horrível) tinhamos um espaço comum maravilhoso. O hostel é fenomenal. É uma casa típica damascena com uma fonte no meio do pátio interior. As paredes têm representações e pinturas... parece uma galeria "borgonhese". À noite, sentávamo-nos no pátio, bebiamos sumos naturais e fumávamos sheesha de maça. Que maravilha!!! Aquelas noites de Damasco foram inesquecíveis. Tranquilas, relaxadas e genuinas, tal como o país.
De Damasco, voltamos de táxi partilhado para Amã, na Jordânia e de novo ao Cliff Hostel. O Andrew ficou feliz por nos rever e nós por o rever a ele. Outro quarto, mas a mesma simpatia. Só ficamos uma noite porque na manhã seguinte, bem cedo, apanhamos um autocarro para a fronteira com Israel. Com o Andrew deixamos uma recordação de Portugal - uma t-shirt dos Amigos da Montanha - e muita vontade de voltar, à Jordânia e à Síria. Quem sabe um dia?